O lado psicológico dos investimentos

Sempre ouvimos dizer que o ano começa depois do carnaval, o que parece ser verdade. Nesses dias em que estamos, algumas pessoas me procuraram para tirar dúvidas quanto aos seus balanços de investimentos de 2010 e planejamento para 2011.

Um caso em especial me chamou a atenção, um amigo questionou sobre suas aplicações no Tesouro Direto, ele não está satisfeito com as cobranças de taxas e disse que vai resgatar tudo e colocar o dinheiro na caderneta de poupança. Expliquei a ele que se deve comparar os rendimentos líquidos, isto é, após descontar taxas e impostos, mas ele respondeu que as taxas são muito altas e que realmente não valem a pena, que só está tendo prejuízo.

Então fiz algumas simulações que valem ser compartilhadas:

Imaginei uma economia de 1 mil reais por mês e esse valor sendo aplicado em investimentos de renda fixa, os valores de rendimentos foram os valores praticados hoje nesses mercados. Veja abaixo os investimentos e os saldos das aplicações ao longo do tempo:

Caso 1 - Caderneta de Poupança: em que não incidem taxas e tem isenção de imposto de renda
Saldo: em 1 ano 12.353, em 10 anos 166.702, em 20 anos 479.625, em 30 anos 1.067.026

Caso 2 - aplicação em LCI Letra de Crédito Imobiliário de 80% do DI - em que não incidem taxas e também tem isenção de imposto de renda
Saldo: em 1 ano 12.464, em 10 anos 185.582, em 20 anos 608.116, em 30 anos 1.570.143

Caso 3 - tesouro direto - com pagamento de 0,7% ao ano de taxas de custódia (0,3% para CBLC e 0,4% para o banco custodiante) e pagamento de imposto de renda
Saldo: em 1 ano 12.480, em 10 anos 199.587, em 20 anos 749.445, em 30 anos 2.325.227

Note que nos dois primeiros casos não há cobrança de IR e nem de taxas, ao contrário do caso 3 em que são cobradas taxas de custódia do banco e da CBLC além do imposto de renda.
Mesmo com todas cobranças o caso 3 tem o saldo líquido maior em todos os períodos pesquisados.

Então por que temos a impressão de que estamos perdendo dinheiro a cada desconto feito?
Talvez seja pelo lado emocional, nos primeiros casos não há desconto algum, não "sentimos" estar pagando nada, e temos a ilusão de dessa forma não termos "prejuízo" e estarmos ganhando mais - o que não se comprova nos comparativos de saldos.

Então como devemos lidar com essa situação?
Fazendo uma análise fria e racional. Uma dica é tentar não se envolver emocionalmente e colocar tudo na ponta do lápis.

Você pode montar uma planilha de acompanhamento de investimentos e criar o hábito de sempre no início do mês preencher nesta planilha os saldos de suas aplicações do mês anterior, analisando sempre o mês fechado. Veja no site alguns modelos de planilhas que podem te ajudar (clique aqui). Nos extratos aparecem o saldo bruto e o líquido, neste caso considere sempre o valor líquido para se ter uma comparação real.
Pense nisso.

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