Quebrei financeiramente

Nome: Anônimo
Profissão: Operações de negócios

“Quebrei”  financeiramente. Gastei muito, mais do que ganho, sem controle das entradas (salário,13º, bônus) e saídas (gastos), usei o limite do cheque especial, fiquei no negativo, parcelei cartão de crédito e quando percebi que ia estourar o limite do cheque.... deparei-me com o caos! Onde recorrer? Empréstimo no banco!! Esse caos não aconteceu de um dia para outro. Foi uma série de conseqüências de escolhas minhas, atos meus. De uma forma desequilibrada.

Gosto de comprar, cuido de mim e da minha saúde. Sempre vivi dentro do que ganho e das minhas possibilidades. Em algum momento da minha vida, não me lembro quando, comecei a sair dos limites.

Vivi um casamento de 2 anos com um homem que namorei 4 anos e nesse casamento, eu fui morar na casa da sogra. Como não era a minha casa, a impressão que tinha era de que o casal da casa era a mãe e o filho, eu era uma “estranha”. Comecei a comprar roupas e coisas para mim, de uma forma exagerada. Acho que buscava um respeito e um lugar na casa. Além do que, fazia questão de pagar despesas da casa, como se pagasse para ter um lugar na casa. Comecei a ficar deprimida e a comunicação com meu marido praticamente não existia. Decidi procurar a psicanálise. Comecei a fazer terapia, depois de trabalhar várias coisas que tinham acontecido na minha vida, uma delas a morte da minha mãe, cheguei no casamento. Observei os meus valores, a minha identidade, coisas que agi sem questionar antes de tomar decisões... O que é conveniente para mim? Enxerguei que eu era uma pessoa muito mais generosa, vivendo com um egoísta. A análise me ajudou a expandir a mente. Depois de um tempo, resolvi me separar.

Fui morar sozinha e com isso adquiri novas despesas. Iniciei um outro relacionamento e como comecei a me sentir feliz, bem viva, bem comigo, comecei a viajar mais, sair e tudo isso implicando mais despesas. Como não controlava o orçamento, atingi o caos descrito acima.

Quando fiz o empréstimo no banco, era para acertar a minha situação financeira. Durou muito pouco tempo, pois logo a minha conta estava no negativo.

Existe um leque de oportunidades para o consumo. O banco aumenta o valor do cheque especial, cartões de crédito são colocados à sua disposição, muitas opções para comprar e muitas outras para arranjar dinheiro para “consertar” o estrago depois.

Eu não queria fazer outro empréstimo. Como contornar essa situação?

Cortando despesas e não efetuando mais compras no cartão. Só compras à vista. Não foi suficiente viver com o meu salário, foi necessário cortar gastos para sobrar dinheiro para diminuir o negativo da conta. Comecei a controlar o orçamento espelhado numa planilha.

Quase um ano e meio para ter a conta positiva no banco novamente. Isso sem conseguir guardar dinheiro. Nesse meio tempo, fiquei deprimida, frustrada, me sentindo incapaz e meio retrógrada, como se não estivesse crescendo. Por um lado me sentia muito culpada e por outro via que também vivi. Quando se gasta muito, tem-se a sensação de liberdade, de poder, mas isso acaba por limitar. Não tem nenhum mal em ter as coisas, comprar, fazer, viajar, etc. Mas precisa ter um equilíbrio, equilíbrio no relacionamento, no orçamento financeiro, na saúde, no trabalho, na alimentação e essa tarefa exige muita dedicação e consciência.

Não quero mostrar aqui que ficar muito triste te leva a gastar mais, nem que ficar muito bem consigo mesmo também leva a gastar mais. Quero apenas relatar que se vive as conseqüências dos atos, das escolhas e por isso existe a opção de viver com frustração e limitação ou com liberdade e segurança e que se der uma escorregadinha, será necessário muito esforço para se equilibrar novamente.

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